... A obra de Cheikh Anta Diop é tema de aula pública online

Nesta terça-feira (24/10), às 17h30, acontece aula pública intitulada “A obra de Cheikh Anta Diop  como referência para o ensino da História da África”. O evento terá transmissão pelo canal oficial da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no YouTube

 

A obra de Cheikh Anta Diop é tema de aula pública online dia 24/10, às 17h30 (horário do Brasil GMT -3)

Data de publicação  24/10/2023, 10:22
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - Unilab

 

Nesta terça-feira (24/10), às 17h30, acontece aula pública intitulada “A obra de Cheikh Anta Diop  como referência para o ensino da História da África”. O evento terá transmissão pelo canal oficial da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no YouTube. O evento faz parte do Encontros com o Pensamento Africano e da Diáspora – uma atividade acadêmica do estágio pós doutoral PDJ/CNPq/Funcap que está sendo realizado na Unilab/CE pela jurista Christianne Vasconcellos e que consiste em um ciclo de aulas públicas orientadas por uma proposta de reconstrução histórica do referencial teórico, filosófico, epistemológico, historiográfico e jurídico, produzido por autoras e autores africanos e da diáspora, em diferentes momentos históricos, que tratam temas de relevância global desde a perspectiva africana e panafricana.

Segundo aponta a professora Christianne Vasconcellos, estes trabalhos foram deliberadamente omitidos do circuito de publicação, tradução e reconhecimento científico devido à hegemonia do modelo educacional ocidental/colonial de início do século 19 que permaneceu hegemônico durante todo século XX e privilegiou a perspectiva eurocêntrica para a produção do conhecimento científico.  No século 21 têm ganhado força os movimentos para descolonização do conhecimento e democratização do sistema educativo, trazendo para o âmbito conceitual e pedagógico a produção acadêmica de outras comunidades epistêmicas, até então desconhecidas como agentes de conhecimento.

“Recordemos que as conjunturas políticas definem o campo conceitual, que orienta o tipo de conhecimento produzido sobre África, a Diáspora Africana e a própria história da Humanidade; de modo que, quando mudamos o foco e assumimos outra perspectiva como a africana, não somente alteramos nossa compreensão sobre África, mas sobretudo percebemos criticamente as falências do conhecimento pautado no eurocentrismo. E é essa perspectiva crítica, que emerge da leitura e estudo do referencial teórico africano e panafricano, que pretendemos promover em nossos Encontros”, aponta Vasconcellos.

Chiekh Diop

Cheikh Anta Diop (1923-1986) foi um intelectual, pesquisador e político senegalês. Tinha formação em física, mas recorreu a outras áreas do conhecimento como a história, a genética, a linguística, a cultura, com objetivo de recuperar o lugar dos povos africanos na História.

Diop iniciou seus estudos em Paris na década de 1940 e suas pesquisas revolucionaram as teses consagradas em sua época e até os dias atuais. Em 1954, com a publicação de sua tese doutoral, Nações Negras e Cultura, antecipou as descobertas da genética contemporânea, ao demonstrar, através de um exaustivo estudo sobre o povoamento do Egito antigo, que o gênero homo sapiens sapiens surgiu na África; que todas as línguas africanas derivam do Egito antigo, povoado por pessoas com alto grau de melanina na pele. Diop sustenta a tese de que Egito antigo foi a primeira civilização que se desenvolveu na humanidade e exerceu influência sobre todas as demais civilizações posteriores como a cultura helênica e romana. Diop encontra valor especial na cultura, com o argumento que o desenvolvimento das sociedades ocorre através da experiência, daí que a cor da pele e a língua serem elementos essenciais para conhecer a cultura africana.

Outra tese original fundamentada por Cheikh Anta Diop é a premissa de que as sociedades africanas se desenvolveram a partir do matriarcado, não em sua acepção eurocêntrica de domínio das mulheres sobre os homens, mas desde uma perspectiva conceitual que reconhece o peso do componente feminino na tomada de decisões no interior das sociedades africanas.

Contudo, a tese de Diop que mais aguçou a crítica do ocidente foi a comprovação de que o Egito antigo era negro, africano e deu origem a primeira civilização da humanidade, herdaria de todas as demais civilizações que surgiram posteriormente.

Evento

Serrão realizadas três Aulas Públicas para tratar sobre a relevância da obra de Cheikh Anta Diop para a inclusão, da história da África, desde a perspectiva africana e dos panafricanistas.

A primeira aula será ministrada pela professora Cintia Diallo, especialista em educação descolonial e ensino da História de África e da Diáspora, e foca na necessidade de introduzir outro referencial teórico e de matriz africana, idôneo para promover a revisão e descolonização, não somente da História africana, mas de todo “conhecimento científico” construído em torno dos interesses coloniais europeus.

A segunda aula pública será ditada pelo professor Alfa Diallo, compatriota de Cheikh Anta Diop, advogado e professor de Relações Internacionais, que tratará sobre o impacto da internacionalização das principais teses de Cheikh Anta Diop no mundo ocidental.

E para a terceira aula pretendemos trazer  o professor Carlos Moore, que foi assistente pessoal de Cheikh Anta Diop, no Laboratório de Radiocarbono do Instituto Fundamental da África Negra, entre os anos de 1975 e 1980, em Dakar, Senegal (ainda não está confirmado).

fonte: https://unilab.edu.br/2023/10/24/a-obra-de-cheikh-anta-diop-e-tema-de-aula-publica-online-dia-24-10-as-17h30/

 


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